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Crédito: Folha de São Paulo |
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Crédito: Folha de São Paulo |
E ainda menos se fala do que está escancarado: a brutalidade com qual eles tem sido tratados pela PM de SP. A mesma barbárie da qual a nossa polícia militar está acostumada, igual a que tem chocado o mundo na Turquia, aqui sendo defendida pelas classes dominantes e pelo poder público - e com o aval do povo. Uma violência unilateral, não servindo de defesa para os PMs as acusações de vandalismo - ou sequer o único policial "linchado" pelos manifestantes. Frente a uma violência sistemática de tão longa data, alvo de pressões por parte da ONU para o desativamento de uma polícia que mais parece esquadrão da morte, parece covardia que homens armados e treinados digam temer pela sua vida frente a estudantes e trabalhadores desarmados.
Como relembra portal do UOL, as tarifas do transporte coletivo tem sido alvo frequente de medidas judiciais após protestos e manifestações públicas. A revolta já deu resultado parcial em Natal, onde estudantes bloquearam a BR-101 e conseguiram levar a emissão de uma portaria reduzindo a passagem de R$ 2,40 para R$ 2,30, depois que a prefeitura aumentou a tarifa de R$ 2,20, em maio. Na capital carioca já foram presas 31 pessoas em protestos contra o aumento da tarifa, após um reajuste de R$ 2,75 para R$ 2,95, anunciado no começo do mês - seriam apenas vagabundos em uma luta vazia?
Mas não é da validade ou não desta luta que quero falar desta vez, mas sim da hipocrisia que cerca o tratamento dado aos “vândalos” de São Paulo - e o olhar conivente dado aos abusos por parte da polícia. Enquanto o governo do prefeito Fernando Haddad (PT) diz que não vai “negociar em situação de violência”, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) diz ser intolerável a ação dos “baderneiros”, a polícia seguia “descendo o cacete”, (se me perdoam o termo coloquial) nos manifestantes, nos transeuntes e nos jornalistas.
Pelo “crime” de carregar vinagre, a PM de São Paulo prendeu o repórter da Carta Capital, Piero Locatelli nesta quinta-feira, soltando o durante a noite. Na quarta-feira, o repórter da Associação Cidade Escola Aprendiz Pedro Ribeiro Nogueira fora espancado por policiais, e depois detido e levado ao 78º Departamento Policial. Seu crime teria sido ajudar duas estudantes agredidas pela polícia - mas por conta disso chegou a ser acusado de envolvimento com gangues.
E enquanto a sociedade se conforma com o espancamento de jovens na maior cidade do país, idolatramos a mesma atitude por parte de jovens turcos: enquanto o levante popular aqui é recebido com grosseria, o deles é visto com compaixão, e os mesmos atos da polícia que trouxeram o suplício dos turcos a tona aqui são vistos como "o jeito certo de tratar vagabundo".

Para uma outra leitura pela mesma vertente, apontando os absurdos da polícia - e comentando melhor do que eu o quão mentirosa tem sido a cobertura da grande mídia - o Felipe Silveira do Chuva Ácida fez um texto excelente. Aproveitem.
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