terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Paradoxos Critica: The LEGO Movie: Uma ode a criatividade

Personagens marcantes com um gostinho de infância.
O mundo nas mãos de um tirano, uma população complacente e obediente, alheia a opressão que a cerca, e a unica coisa que pode nos salvar é o especial, o escolhido; é com essa premissa "originalíssima" que LEGO Movie começa - e a maestria com a qual lida com a mais clichê de todas as jornadas heroicas é um atestado a criatividade que o filme (e os brinquedos) celebram. Enquanto outros filmes de marcas de brinquedos tentaram apelar para uma pretensa "seriedade" que resultou em níveis bélicos de estupidez, a direção e roteiro da dupla Phil Lord e Christopher Miller assume sem vergonha aquele olhar inocente, onde nenhuma ideia é idiota demais (salvo o sofá beliche!), ninguém é "um ninguém" e onde as instruções não são ordens, mas sugestões: faça o que vem em sua mente - e nada poderia ser mais LEGO que isso. 

ESPAÇONAVE!
Com uma trama sólida - boba, sim, mas sólida -, sacadas geniais, animação belíssima e atuações inspiradas, é difícil dizer o que é melhor em LEGO Movie; se são as referências infindáveis a história da LEGO ("e mais um monte de mundos que a gente não menciona"); se as piadas tolas, mas hilárias, dignas de um filme do trio Zucker, Abrams, Zucker; se são os personagens, como o Batman impagável de Will Arnet (deliciosamente babaca, arrogante e "durão"), o mago Vitruvius de Morgan Freeman (genial, ou epicamente idiota? você decide), o astronauta de 1980 e tantos de Charlie Day (ESPAÇONAVE!), o Mau Policial de Liam Neeson (e seu ódio por cadeiras), o cibernético pirata Barba de Metal de Nick Offerman ("Difícil? Difícil é limpar sua bunda com uma mão de gancho!"), a enérgica Uni-Kitty de Alison Brie (sem consistência em nada do que faz) ou as pontas de personagens famosos (destaque para o Lanterna Verde: risível e ainda assim melhor que no seu próprio filme); se é a trilha sonora, a revelação (um tanto previsível) do final, ou a maneira genial em que o filme aproveita o fato de ser tudo de LEGO para sequências de ação impressionantes. 

Emmet e sua única ideia na vida: O sofá beliche. Não deixe que uma
ideia ruim mate todas as suas outras: até ela pode ter um uso um dia
E no meio de tudo isso, algumas mensagens importantes - Assim como uma ode a criatividade, temos aqui um hino contra o conformismo. A jornada de Emmet (Chris Pratt) não é só uma de heroismo indesejado, causado por um encontro fortuito com o destino (na forma da "peça de resistência); trata se de uma sobre pensar por si mesmo, reconhecer aquilo que faz de você único e especial, e viver em cima disso - e não "do que diz no manual de instruções". Sua obsessão por "seguir o manual" e ser "perfeitinho" faz dele um pária sem notar - afinal, Emmet não é ninguém; não tem nada que o destaque, que chame atenção, é só um "yes man" para tudo e todos. Nunca divergindo, nunca se destacando, nunca discordando - sempre em segundo plano. Tão genérico que nem em aparência tem algo especial: seu rosto é o das minifiguras genéricas, aquele sorrisinho : ) em uma cara amarela, que todos conhecem. 

Muito além de um rostinho bonito. 
E num reflexo de como originalidade é lentamente sufocada, não apenas Emmet vive em função de regras prontas (sem jamais pensar nos problemas óbvios de tudo que segue cegamente), como sua única ideia original (o sofá beliche) é afundada toda vez que é mencionada. Ao mesmo tempo, na relação com os mestres construtores (em especial Wildstyle - dublada por Elizabeth Banks, muito além de um interesse romântico), uma ressalva: fazer o que se vem em mente, sem planos e sem ordem alguma é uma garantia ao fracasso. 

Business e sua arma secreta: não podemos controlar o mundo.
No extremo oposto do problema, o Lord Business de Will Ferrel dá a outra parte da mensagem: não pense que a sua ordem, as suas ideias e a sua visão de mundo devam ser a dos outros - se a aderência cega do herói as regras era a única coisa que o definia, a ordem perfeita de Business é o que destrói a identidade de todos. Ao querer congelar tudo em "perfeição", não há espaço para ninguém além dele próprio - e mesmo ele torna-se uma nulidade sem ninguém para interagir. O mundo é feito de pessoas - cada uma especial e única a sua maneira, e força-las a deixar de serem assim para seguir um "modelo ideal" é o auge do egoísmo. 

"Eu só trabalho em preto. E as vezes em cinzas muito escuros"
LEGO Movie é um filme previsível nos seus aspectos macro - até a grande revelação do climax é óbvia prestando-se atenção nas "relíquias" de Lord Business (cada uma com uma piada genial na nomenclatura... Kra Gle, Sword of X-Act Zero, Polísh Remover of Ná-Ill...). E isso não é de maneira nenhuma uma coisa ruim. Não há qualquer pretensão de ser "sério e culto" aqui; a inocência não é um pecado, mas uma virtude do roteiro, algo a ser celebrado. Inocência que se nota também no arco romântico entre Wildstyle e Emmet (nunca caindo para a malícia) e na resolução singela do verdadeiro conflito do filme. 

Se você curte LEGO, se tem filhos, se teve uma infância e não se envergonha dela, ou se simplesmente gosta de bons filmes, LEGO Movie é certeiro; impossível não se encantar por sua história, pelo charme tolo, ou pela beleza das cenas "em LEGO", feitas em um misto de computação gráfica e retoques de stop motion (difíceis de serem separados, de tão fiel aos blocos que a animação é). Ainda mais impossível é sair do cinema sem aquele gostinho de "quero mais". Deveria servir como uma lição para outros estúdios; assim que se trata uma linha de brinquedos no cinema, sem vergonha do que ela é.

Nota: 10/10

EVERYTHING IS AWESOME


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Condenado, mas não pelo principal

No último domingo, Jordan Russel Davis completaria dezenove anos - Não fosse um encontro fatídico em um posto de gasolina, transformado em tragédia por uma legislação absurda que premia a violência e agrava os conflitos raciais no sul dos EUA. Seu assassino foi condenado - mas não por mata-lo. 

Morto por ser negro ouvindo musica alta. 
Em novembro de 2012, o estudante Jordan Davis, de 17 anos estava com um grupo de amigos em um posto de gasolina, em Jacksonville, Florida; enquanto um deles fazia compras na loja de conveniência, Davis e os amigos foram abordados por Michael Dunn, um programador e empresário de então 45 anos, irritado com o volume (e o tipo) da música que os rapazes ouviam. Após discussão, Dunn retornou ao seu carro, pegou uma pistola 9mm do porta luvas, e disparou dez vezes contra o carro de Davis, matando o rapaz. Depois da altercação, Dunn foi com a noiva para um hotel, pediu uma pizza e alugou um filme, como se nada tivesse acontecido. 


Neste fim de semana, após 30 horas de deliberação por parte dos jurados, Dunn foi condenado pelo incidente: três penas por tentativa de homicídio em segundo grau, uma pena por disparar arma de fogo contra um veículo ocupado, mas... nenhuma condenação pelo seu crime maior: pela morte de Davis, Dunn teve o julgamento anulado por "irregularidades" - como o fato do juiz ter explicitamente dito que "não era para condenar Dunn se achassem que ele tinha o direito de se defender" (quando ele era o agressor) e uma confusão por parte do juri a respeito do crime: julgado por homicídio premeditado, membros do juri entenderam que não era o caso pois Dunn não tinha ido ao posto de gasolina com a intenção de matar Davis. 

Dunn: depois de matar um rapaz de 17 anos e disparar dez vezes contra um automóvel, não chamou a polícia, não falou da suposta arma com a noiva, e pediu uma pizza como se a situação fosse a mais normal do mundo - cartas escritas na prisão revelam que ele "queria ensinar uma lição" aqueles "marginais". 
Notem o problema: na compreensão do juri, a acusação era invalida porque não havia um planejamento prévio do crime, e para o juiz, Dunn teria o direito de "Stand your Ground", e não tinha obrigação de se retirar - até aí tudo bem, mas isso ignora que Dunn retornou ao carro para buscar uma arma (o que por si só já elimina a ideia de autodefesa), e que não há como alegar que não houve intenção de matar quando Dunn disparou repetidas vezes contra um carro ocupado. 

A defesa do programador alega que Dunn sentiu-se ameaçado pois "teria visto uma escopeta dentro do carro" - arma que nunca foi encontrada pela polícia. Ele não informou sua noiva da suposta arma, nem chamou a polícia a respeito do ocorrido. Ele também alega que Davis saiu do carro para ataca-lo, e que ele atirou em auto defesa - mas ninguém além dele viu o rapaz sair do carro, ou qualquer arma. E após ser baleado duas vezes, uma delas na aorta, Jordan Davis continuava dentro do carro, com a porta fechada, contradizendo a versão de Dunn - ou como foi mais grosso um promotor: 
So you're telling me that after you shot Jordan Davis in the aorta, he reached over and closed the door?" - Um promotor da Florida, dirigindo se a Michael Dunn

No aftermath do crime, as atenções cairam não sobre o assassino, mas sobre a vítima. Sim: no final de 2012, o foco do noticiário sobre o caso eram as supostas ligações criminosas de um dos amigos de Davis, que tinha uma passagem pela polícia por furtar um rádio e duas caixas de som. E sobre como "Thug Culture" estimulava a violência, como a música que eles ouviam era "musica de bandido", como ele se vestia como um marginal, e como quatro jovens negros em um carro é "ameaçador" - mas nem uma palavra sobre o homem que matou um rapaz de 17 anos, desarmado, e partiu para o hotel como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. 
Até quando?

E para quem acha que não há um componente racial para o crime, há o que se some a sua certeza de que os quatro eram "certamente criminosos" (afinal, eram negros) e seu ódio intenso a "música de bandido", como define o Rap, em comprovar que Michael Dunn de fato é racista, e a morte de Jordan Davis é movida a racismo: as cartas que Dunn escreveu na prisão. Seguem excertos:

The fear is that we may get a predominately black jury and therefore, unlikely to get a favorable verdict. Sad, but that’s where this country is still at. The good news is that the surrounding counties are predominately white and Republican and supporters of gun rights.”
“The jail is full of blacks and they all act like thugs. This may sound a bit radical but if more people would arm themselves and kill these (expletive) idiots, when they’re threatening you, eventually they may take the hint and change their behavior.”
Em uma das cartas, ele afirma "não discriminar por raça", ao mesmo tempo que ressalta seu ódio pela cultura negra americana contemporânea (para uma medida de como isso "não é racista", considere a seguinte afirmação: "eu não tenho preconceito contra gaúchos, mas eu não tenho uso para certas culturas. Essa "cultura" de bombacha, chimarrão e "musica" que certos segmentos da sociedade migram para é intolerável", seria isso preconceito contra gaúchos, ou não? Agora leve em conta que a cultura "do gueto" é predominantemente negra):
“I’m not really prejudiced against race, but I have no use for certain cultures. This gangster-rap, ghetto talking thug ‘culture’ that certain segments of society flock to is intolerable.”
Na mesma carta, ele afirma que o curso de ação que ele tomou foi para "ensinar uma lição" nos amigos de Jordan Davis, para que eles "mudassem o comportamento". De maneira simples: ele admite que matou um rapaz para intimidar um grupo de jovens para que "agissem como gente".

Como bem colocou Tonyaa Weathersbee, da CNN, o julgamento de Dunn abre um precedente perigoso: a ideia de que, sim, um jovem negro desbocado é mais ameaçador do que um homem branco - do tipo que se chamaria de "cidadão de bem" - com uma arma de fogo, e que este tem o direito de abrir fogo "para se defender". "Alguém naquele juri viu Jordan Davis com uma arma que provavelmente nunca existiu, mas negou-se a ver as balas reais - dez ao todo - que Dunn disparou contra a SUV e contra o corpo de Davis, balas que deixaram Davis sangrando e morrendo no colo de seus amigos", escreveu. 

Renisha McBride: morta ao pedir ajuda. 
E como ressaltou Jarvis deBerry, do Nola.com, quando um homem negro mata outro negro, a comunidade negra como um todo espera que o assassino seja punido. Quando um negro mata um branco isso é usado como argumento de que os negros são uma ameaça - e em casos como este, em que um rapaz negro é morto por um branco? O que se sucede é uma onda de justificativas e a expectativa que se aceite o crime. Independente se a vítima era nova demais, não tinha ficha criminal, ou se era uma garota escapando de um acidente, se pede para que se considere o morto como uma ameaça, o autor não seja punido, e aquela morte tratada como "algo certo".

Enquanto isso no Brasil...
Um precedente que o Brasil conhece bem: afinal, esse é o país onde jovens ouvindo musica típica de comunidades carentes é causa de alarde e "sinal de degeneração moral"; em que esses mesmos jovens se reunirem em shoppings é "preparação para crimes", e em que "bandido bom é bandido morto" (exceto se o bandido for criminoso de colarinho branco, ou for filhinho de papai). Onde amarrar um moleque de rua que cometeu pequenos furtos é "justiça" - quem liga se um dos justiceiros tem passagem por estupro? O rapazote negro é B-a-n-d-i-d-o... 

Um triste veredito, para um crime triste - e que deve ressoar com muitos, e muitos casos por aí... O que mais espanta é que Dunn foi condenado por tudo, exceto matar o rapaz que ele matou. Ainda assim pode pegar até 75 anos de prisão - mas fica o estranho gosto que "você pode matar um rapaz negro, mas tem que terminar o serviço, se não é crime". Será que se os quatro tivessem morrido e não houvesse quem defendesse o morto, Dunn não seria solto da mesma maneira que George Zimmermann foi? Uma perspectiva assustadora - e bem plausível. 

As críticas ao veredito não agradaram a emissora conservadora Fox News, como demonstra o vídeo abaixo - e resta saber se, como George Zimmerman o foi por matar Trayvon Martin, Michael Dunn será alçado a herói da direita americana por matar um rapaz cujo único crime tenha sido - talvez - ser desbocado. Zimmerman  é tratado pelos conservadores americanos como um pobre injustiçado que livrou o mundo de um "marginal" terrível - de assassino de menores, passou a celebridade e mártir. Veremos se com Michael Dunn não acontecerá o mesmo. 


e para quem diz que racismo é coisa do passado... mais um vídeo, breve,sobre racismo e fox news..










quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Certas pessoas...

"Seus preconceitos são suas janelas para o mundo. Limpe as de vez em quando, ou a luz não ira entrar"
-Isaac Asimov.
Por Luke Pearson
A lição é simples, e como diria o TV Tropes, "bigornástica". Mas algumas bigornas tem que ser jogadas - Não dá para se julgar o todo da vida de alguém por fatores isolados, ignorando traumas, sucessos e fracassos, criação e vícios - mas reduzir pessoas a um único adjetivo tem sido lamentavelmente comum. Ao mesmo tempo, aqueles que mais julgam a conduta, aparência e etnicidade alheia são raramente os paragões de bom comportamento que creem ser. 

Vide todos os guardiões de "moral e bons costumes" envolvidos com escândalos de sexuais, drogas e até pedofilia; O "cidadão de bem" que defende a tortura e o linchamento e o "defensor da família tradicional" que sugere que se abandone a esposa com Alzheimer. Ou o autoproclamado pacifista que condena a violência "imperialista", mas apoia o terrorismo (ou vice-versa), e que defende fatalidades causadas por irresponsabilidade ou mesmo por malevolência como "perdas aceitáveis"¹. 

Apenas uma coisa para se pensar...

¹ Não existe tal coisa como uma perda aceitável - se você acha que sua causa é justa a ponto de justificar a perda de vidas, independente do seu lado ou de quão nobre a causa, você está errado. 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Paradoxos Critica: RoboCop (2014)

Curiosamente, menos relevante que um filme de 27 anos.

Paul Verhoeven não tem sorte quando se trata de Hollywood retomar suas obras: primeiro sua excelente adaptação de "We can remember it for you, wholesale" teve uma releitura pífia no Total Recall de Len Wiseman, em 2012. Agora, 27 anos depois da mordaz crítica ao capitalismo desenfreado e a desumanização sistemática das polícias, seu RoboCop é maculado pelo remake de José Padilha. Mas o que saiu errado nisso? Como alguém que fez uma obra como Tropa de Elite, filme magistral sobre o processo de criar monstros para combater monstros que é endêmico nas polícias, pode falhar tanto nessa tarefa?

Samuel L. Jackson, na melhor atuação do filme: Um Bill O'Reily negro. 
O filme original de Verhoeven estava longe de ser um filme sutil - me atrevo a dizer que Verhoeven desconheça a palavra sutileza; ainda assim, de alguma maneira Padilha consegue ser ainda mais "na sua cara" que o original, talvez justamente pela falta daquela sátira exagerada dos fragmentos de mídia do antigo. O mais perto disso são os segmentos do programa "Novak Element", com Samuel L. Jackson como o apresentador Pat Novak - mas estes são tão idênticos a Bill O'Reily e seu O'Reily factor que mal contam como sátira. 

2014: limpo, brilhante, higienizado
e dinâmico.
Assim como no original, RoboCop é a história de Alex J. Murphy, um policial de Detroit morto em serviço e trazido devolta a vida por uma corporação interessada em ingressar na segurança publica; enquanto no original a OCP era dona de Detroit, aqui a sua subsidiária Omnicorp tem "todos os mercados do mundo, menos o americano" para robôs de segurança pública. Se em 87 Murphy era um cadete idealista em seu primeiro dia de serviço, dentro de uma polícia estafada e corrupta, aqui ele é um veterano ultra competente que quase perde o parceiro em uma cilada de um traficante de armas. Antes o projeto Robocop era de Bob Morton, um decadente, drogado e tarado executivo da OCP, aqui ele é do benevolente cientista Dennet Norton. Onde a morte de Murphy no original era uma brutal execução pela gangue do traficante Clarence Boddicker, aqui é um carro bomba do traficante de armas Antoine Vallon. Em 87, Murphy era tratado como produto por ser "só mais um tira morto" - em 2014, é com permissão de sua esposa que a Omnicorp o transforma em um ciborgue "para salvar a sua vida". Detalhes "pequenos", mas que mudam muito. 

1987: sujo, violento, utilitário e sombrio.
Muito disso custa ao filme seu impacto emocional e sua crítica social; ao reduzir o hedonismo e a corrupção da OCP, pinta a sede de lucro de seus representantes como positiva (para não mencionar a falta que faz alguém tão sádico, corrupto e egoísta quanto Dick Jones); A Detroit do novo filme não é nem de longe a distopia do original (e parece tão limpa, que sinceramente parece melhor que a Detroit real); A policia não é nem de longe tão sobrecarregada quanto no original (e o crime não é tão exagerado). No geral, tudo parece... bom demais. Nada dos assaltos exagerados e da violência gráfica do original - mas ao mesmo tempo, a ação é mais exagerada; como exemplo, onde em 1987 Murphy é humilhado por um ED-209, aqui ele quase derrota quatro deles.

Romance Cibernético: aqui, Murphy mantém a família; fora
o corpo, ao final ele perde nada. 
O foco emocional dado a Murphy e a relação dele com a esposa e o filho podam a critica a perda de humanidade dos policias, que tanto marcam as políticas de "dureza com o crime", seguindo a tradição de obras como Jin Roh, Tropa de Elite e até mesmo o pastiche que é Duro de Matar: como a estratégia de usar violência para retribuir a violência social mina a capacidade de empatia e socialização dos homens e mulheres reduzidos a uma arma nesse conflito. Coisa que é ainda mais prejudicada por um final feliz forçado. No original Murphy perde tudo; a vida, a família, as emoções, sua humanidade, para virar o policial "perfeito". Ele não é mais uma pessoa, mas sim "um produto"; aqui, ao fim das contas ele perde nada para passar de um super tira para um... hiper tira - todas as suas perdas são consertadas uma a uma, salvo as partes orgânicas perdidas.

uma das cenas excelentes que o novo copia muito mal


E nisso cenas fortíssimas são perdidas. Não digo que o remake tenha a obrigação de recriá-las - fosse isso, não teria mesmo razão de ser - mas há um claro esforço de tentá-lo na obra de Padilha. E são todas pálidas imitações do original, mesmo onde o impacto visual é mais forte - como na gráfica cena onde é revelado a Murphy o que sobrou do seu corpo. Em particular, sofrem cenas como a dolorosa visita de Robocop a sua antiga casa; o excelente tiroteio na refinaria de coca, que no original termina com a catártica surra em Clarence Boddicker, e especialmente a revelação da quarta diretriz e "Dick, você está demitido", aqui substituídas por uma pulseirinha que impede robôs de atacarem e... superar o programa via força de vontade. As tentativas de emulação são visíveis - e todas carecem do Gravitas emocional do filme de Verhoeven.

Mais emotivo, o Murphy de Kinnaman paradoxalmente expressa menos que o de Weller.
Vallon: insonso e descartável.
Boddicker: Sádico e memorável
Carentes também são os personagens: embora seja muito mais "emotivo" que a versão de Peter Weller, o Murphy de Joel Kinnaman expressa muito menos o sofrimento de quem perdeu tudo; o afável executivo de Michael Keaton carece de momentos memoráveis como os do Dick Jones de Ronny Cox; embora simpático e crível, o Dr. Norton de Gary Oldman parece deslocado em uma obra como Robocop, fazendo do filme uma trama sobre "a luta política o bondoso cientista que quer salvar vidas, contra o malvado empresário que quer usar um homem morto para vender armas", ao invés da crítica ao capitalismo selvagem do original  - e não tem nada do humor escandaloso do Bob Morton de Miguel Ferrer. Mas o ponto pior dos personagens é o traficante de armas Antoine Vallon (Patrick Garrow), imensamente apagado e desprovido de qualquer fala memorável, Vallon é um fantasma se comparado ao genial, sádico e detestável Clarice Boddicker de Kurtwood Smith.


O RoboCop de Padilha é, como seu personagem título, um produto - e pouco além disso. É visualmente impressionante, tem uma trilha sonora agradável - e que preserva o tema de Basil Poledouris, mas não tem nada de notável além disso. Seu feito mais relevante é tentar discutir as questões de vigilância, violação de privacidade e o uso de remotos para "segurança" e "defesa", ligando-se bem com pautas atuais - mas infelizmente, nenhum desses temas é abordados com competência (e de alguma maneira com menos sutileza que no original - em um certo ponto o personagem de Samuel L Jackson diz que a discussão é sobre usar drones e espionar cidadãos americanos, e quem não aprova essas ações tem que parar de reclamar). No geral, um filme que não tem porque existir - e que como Tropa de Elite, será facilmente mal entendido como uma defesa de uma polícia violenta e desumana.


Recomendação: fiquem com o original. Ainda é mais relevante e atual que a releitura.

Nota: 5/10.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Taliban e Paquistão iniciam conversas de paz; e agora?

Fonte: Reuters
O perene conflito entre os militantes fundamentalistas do Taliban e o governo paquistanês pode estar próximo do fim. Após vários adiamentos, desentendimentos e dúvidas crescentes, as negociações de paz com o grupo militante islâmico finalmente começaram nesta quinta feira. A pergunta que fica é... e agora?

A insurgência dos Talibans contra o governo paquistanês tem levado a conflitos violentos desde 1994; visando derrubar o governo democrático - porém islâmico, e que ainda tem absurdos como penas capitais por "Blasfêmia" - do Paquistão para instalar uma teocracia em seu lugar. Tentativas anteriores de diálogo foram legadas ao fracasso quando os milicianos usaram da trégua para reforçar a guerrilha e recuperar forças. Desta vez, afirma o governo paquistanês, as coisas parecem diferentes - mas será que são?

É difícil acreditar na sinceridade de conversas de paz quando estas vêm de um grupo que tem realizado atentados quase diários no país. Para Bilawal Bhutto Zardari, filho da ex-primeira ministra Benazir Bhutto - assassinada em um atentado da Al Qaeda em 2007 - o governo de Nawaz Sharif sofre de "síndrome de Estocolmo", e "precisa parar de dar desculpas para não usar de força militar contra o Taliban". 

Ao mesmo tempo em que discute a paz com o Taliban, no entanto, os dois lados do conflito tem escalado as agressões. Enquanto o Taliban realizou vários atentados contra forças de segurança desde o início do ano, o governo Paquistanês enviou a força aérea para bombardear esconderijos dos extremistas na região do Waziristão do Norte, próximo a fronteira com o Afeganistão - e rumores de uma ofensiva por terra tem circulado pelo governo, segundo a Reuters.

A tira é sobre o Yemen, mas se aplica igualmente ao
Paquistão.
Para auxiliar nas conversas de paz, o governo dos EUA cessou temporariamente os ataques com Drones no país; um gesto simbólico não muito digno de confiança, em vista dos 28 ataques realizados no ano passado apenas - e que deixaram 137 mortos (oficialmente, 123 talibans e 14 civis) - ou da prática de "signature strikes", em que não há confirmação do alvo, apenas suspeita da presença de extremistas no local (e estes são frequentemente seguidos por um segundo ataque quando há tentativa de apoio aos feridos).

Esse não é um problema que possa ser resolvido facilmente. Mesmo que as conversas de paz sejam bem sucedidas, ainda há o problema da militância Taliban não ser formalmente estruturada - ou seja: enquanto as lideranças envolvidas no diálogo possam ser convencidas a cessar a violência, outros líderes podem se erguer em seu lugar, ou outros movimentos podem desmembrar-se do Taliban paquistanês. Da mesma maneira, não se pode recorrer apenas ao diálogo frente a atentados e ataques suicidas.


Ao mesmo tempo, não é a violência que vá cessar a atividade dos talibans; embora a resposta mais simplória diga que a raiz do problema é "o Islã", como se fosse algo monolítico e tão simples, o problema é mais embaixo. Tentar resolver o problema através da repressão e da violência só vai levar os talibans a se sentirem justificados em seus atos - e aqueles que não tomaram um lado, frente ao conflito, podem pender para o lado do Taliban, ao ver a violência ser institucionalizada. Ainda mais onde a única presença do Estado se dá na forma das forças armadas, de bombardeios e ataques de artilharia - onde a segurança e a "justiça" são dadas pelos milicianos extremistas do Taliban, e o governo paquistanês parece inexistir - marcas clássicas de um estado fragilizado.

Radicalismo não nasce do nada; como demonstrado com grupos radicais políticos, ideológicos ou de gênero, o fanatismo é um processo complicado, que advém de uma sensação de exclusão e não representação no todo; No quadro islâmico, esse processo frequentemente nasce de um conflito com os desafios apresentados pela modernidade e o abandono da tradição; enquanto alguns países se viram para o secularismo como solução - vide Turquia até tempos recentes - ou para o tradicionalismo, como a Arábia Saudita, em outros casos. No caso da região do Afeganistão e do norte Paquistanês, a sensação de alienação social levou a formação de grupos fundamentalistas; Não contentes em se virar para a tradição, buscam retornar a um passado ideal onde "a moral e os bons costumes" eram primordiais - e isso é difícil de se combater, especialmente a força.

Cenas como essa podem estar perto do fim - ou podem se tornar
ainda mais comuns.
De qualquer maneira, o Paquistão se encontra frente a um grande desafio, e um futuro nebuloso. Um conflito de duas décadas pode estar perto do fim; o inimigo perpétuo pode se render e cessar a violência, e o país pode estar finalmente caminhando para a paz. Ou pode ser tudo um engodo, uma jogada do Taliban para recuperar forças, ou do governo para encurralar os milicianos. Ou nem uma coisa, e nem outra: as conversas de paz podem dar certo, mas aqueles fundamentalistas que não concordam com a paz podem continuar a guerrilha. Ou o Taliban pode cessar o conflito, e uma mudança de governo pode retomar a repressão contra o grupo. Apenas o futuro pode dizer - e esse futuro é cada vez mais difícil de ser estimado. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A imagem da barbárie

A imagem ao lado é emblemática do quão baixo estamos chegando como civilização. Um jovem negro, nu, preso a um poste por um cadeado de bicicleta, após ser espancado por uma gangue de "justiceiros de moto" - pouco mais que um linchamento. A imagem revoltante foi postada no facebook pela artista plástica Yvonne Bezzera de Melo, fundadora da ONG Projeto Uerê - que oferece serviços de educação para crianças com dificuldades causadas por traumas.

Na internet, a violência e a barbárie continua: mesmo sem saber quem era o rapaz da foto, internautas se sentiam no direito de dizer que se tratava "certamente" de um assaltante, ou que teriam sido assaltados por ele... E repetia-se o bordão, "bandido bom é bandido morto". 

Independente do rapaz ter cometido ou não crimes (e ao que parece, ele tem passagem por pequenos furtos), nada justifica tal coisa. Isso vai além de "impedir um crime": é humilhação pública, linchamento e "dar um exemplo" - e não para "bandidos" (até porque foi dado por bandidos - não importa se você se vê como justo, vigilantismo é crime, humilhar alguém publicamente é crime, e espancamento é crime), mas para "moleques de rua" e "gente escura". Se se tratava de um meliante, os três que o espancaram, despiram e prenderam ao poste poderiam tranquilamente detê-lo sem a humilhação e a brutalidade que demonstraram - e é de se questionar porque não permaneceram no local. 

Porém, para a sede de sangue dos cidadãos de bem, o que fizeram não foi "excesso", mas "frouxo". Não irei desta vez postar aqui os comentários - basta procurar qualquer postagem no facebook sobre o caso para que apareçam, não farei do meu blog espaço para discurso de ódio; Entre outras coisas, haviam cidadãos alegando que "faltou tacarem fogo"; "menos um dessa raça nojenta"; "não vi muito sangue, tinham que ter batido mais"; "tá com pena leva pra casa"; "tem que exterminar essa raça de assaltantes", entre outras; acusaram a artista plástica que registrou o fato de ser "amiga de bandido", de proteger assaltantes e traficantes; disseram "pra levar pra casa, pra ver o que achava quando essa raça estuprar a tua filha". 

Notem o uso de "raça" só nos excertos citados - se procurarem nos comentários dos posts de grandes jornais, verão mais. Haveria tal violência contra o rapaz, caso tratasse-se de um rapaz branco? Parece me duvidoso. Como comentou Yvonne: 

— Nos anos 80 existiam, na Zona Sul, gangues de rapazes que saiam à noite para bater em mendigos e em meninos de rua. Depois, isso parou porque houve certa redução da criminalidade. Se ele rouba, que prendam, mas não pode torturar no meio da rua — conclui. — Esse tipo de crime tem muito racismo, muito preconceito. Se fosse o contrário, ia ser um Deus nos acuda. “O branquinho amarrado no poste, coitadinho!”. O que está acontecendo é que a violência está criando o ódio da população. Eu entendo, ninguém quer ser esfaqueado andando no Aterro (do Flamengo), mas você tem leis, tem uma polícia. Não pode fazer justiça com as próprias mãos.
O racismo brasileiro já estava escancarado com a situação dos rolezinhos (com direito a tentativas de intimidação contra jovens "suspeitos" - leia se, de pele escura- e liminares autorizando shoppings a expulsar clientes com aparência "duvidosa"), assim como instruções explicitas da PM para abordar "jovens de pele parda ou negra", as piadas racistas e o pastor-deputado que disse que africanos eram amaldiçoados (mas não todos, pois tem brancos na Africa). Mas agora tem-se um caso que beira o ridículo. Custa me acreditar na realidade do caso. Parece-me absurdo demais, mas é real - e quase caricato. 

E é ainda mais caricato e preocupante ver o furor com que "cidadãos de bem" defendem essa enormidade. Novamente, não se trata de "defender bandido", e sim do absurdo que é tolerar espancamentos, humilhações e prisões sumárias, sem julgamento, sem defesa e sem evidência do crime. Não ocorre aos defensores de tal absurdo que eles - ou seus filhos - podem se ver na mira de vigilantes como estes; e menos ainda o fator maior, que ao fazer tais brutalidades e defendê-las, se tornam piores que o "bandido" que dizem estar levando a "justiça" (que nada tem de justiça, mas muito tem de vingança). Tem se uma ideia bizarra que violência é a solução para a violência urbana (algo como, minha casa está em chamas, vou buscar napalm), por mais que dados demonstrem o contrário (bastando comparar as taxas de homicídio do Brasil e dos EUA, com polícias ultra violentas, com a de países europeus e a do japão, onde a polícia raramente carrega armas de fogo).

Nem o Superman tem esse direito. Sabia que um dia
teria porque usar essa imagem. Tem mais aqui
Ou ainda pior, que a violência se torna correta por advir de um "cidadão de bem" ou da "polícia" (a não ser que tal violência seja te parar na Blitz, aí já é abuso!). Estar bem posicionado socialmente, ter reputação ilibada, ser um "homem de respeito", nada disso é desculpa para a brutalidade - que como Asimov escreveu e repito, é o último refúgio do incompetente. Se qualquer coisa, sua posição "ética, moral e de respeito" deveria fazer não que tivesse fosse "certo" agredir os indesejáveis; são esses autoproclamados "guardiões da retidão" que tem menos o direito de agirem como juri, juiz e executor. O que me preocupa realmente é que estejamos caminhando para uma sociedade que vê o sistema dos juízes de Dredd não como distopia, mas como algo utópico - uma polícia que mata com requintes de crueldade, sem processos, evidências ou qualquer jurisprudência.

Fico aqui com a pergunta... se bandido bom é bandido morto, isso significa que os justiceiros de moto devem ser mortos, ou como a vítima da agressão e humilhação era um menino de rua negro e culpado por pequenos furtos, eles podem? Já explorei as questões da injustiça penal em dois textos; me parece lamentavelmente que isso não é o bastante para saciar a sede de sangue dos "cidadãos de bem", tão parecidos com os republicanos americanos - que viram em George Zimmerman - o homem que baleou um rapaz de 16 anos no peito após receber ordens explicitas de "não fazer nada", porque ele parecia suspeito - um herói. Agora vêm em três bandidos anônimos um heroísmo inexistente, e na vítima, humilhada, despida e desarmada, uma efígie de todos os males do mundo.

Engraçado como um artigo do meu blog nerd agora se faz necessário... O culto ao vigilantismo logo vai resultar em termos por aí pretensos Rorschachs e Frank Castles, escalando ainda mais a violência e atacando quem julgam como "transgressores" - curiosamente, sempre jovens negros e pardos, de comunidades carentes, prejulgados como agressores e "bandidos" pelos verdadeiros criminosos. Bandido bom é bandido julgado e sentenciado dentro dos parâmetros da lei. Nada além disso.

E para notar o pensamento binário digno de Javért (para quem ou se era um homem de bem, ou um bandido) se joga todos os meliantes no mesmo balaio - antes que se soubesse quem era o rapaz, já se atribuía a ele (que tem passagens por pequenos furtos) ser um sequestrador, traficante, assaltante, vândalo e estuprador. Pois como se sabe, basta cometer um crime, e você passa a cometer todos os outros. Espera, eu disse cometer? Nahhh, todo mundo sabe que se nasce bandido ou "gente de bem", não se migra entre uma coisa e outra... 
Uma nota final, um ultimo caso cabal de preconceito.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Assassinato de reputações - da minha...

Quem me conhece sabe que não é
assim que escrevo, menos ainda se
estiver com raiva - e "contratempos"?
Quando é que eu uso contratempos?
Parece-me que o Capitão Venera - o melodramático policial que tentou transformar a sua ameaça em uma ameça contra a sua vida - está fazendo escola entre a direita de Joinville. Não que isso me surpreenda: o assassinato de caráter tem se tornado uma ferramenta cada vez mais comum no que se passa  por "debate político" no Brasil; Mas certamente me pegou desprevenido o que eu vi ao acordar nesta segunda-feira: O método sujo de difamação que vêm se tornado tão comum foi usado... contra mim. 

Acordei para ver um acalorado debate a respeito do print forjado ao lado. Jamais enviei qualquer mensagem para o senhor Tsö Raz; nunca entrei em contato direto com esse senhor, que tenho razões para suspeitar que trate-se de uma conta falsa - bastante comum para difamar e expressar opiniões "controversas", forjar consenso e similares. Tampouco estava eu online quando a mensagem teria sido enviada - às 22h deste domingo, ou a 1h da segunda-feira no horário dinamarquês, encontrava me adormecido. Não sei como forjou o print - mas não é algo difícil, exige apenas um pouco de tempo no photoshop, ou a criação de uma conta fraudulenta para se enviar a mensagem.

Ressalto que não é da esquerda o "filósofo"
que acha que "vai tomar no cu" é argumentação

Suspeito eu que meus textos tenham irritado esse senhor, ou melhor, o indivíduo que se esconde por trás deste perfil. Da mesma maneira, o MPL e outros movimentos sociais tem incomodado, e muito, esses "opinadores". Só isso para justificar as tentativas de repressão emitidas por um PM nas postagens do vídeo da prisão de Sandovan Vivan Eichenberger, ou as insinuações (por parte do senhor que agora forjou uma ameaça de minha parte) de que o MPL teria ameaçado policiais e invadido casas. 

E é claro, o engodo lhes dá argumento para fazer outra coisa, deliberada: pintar a esquerda como um todo como "psicopatas violentos", vândalos e arruaceiros. Tentam invalidar a discussão de todas as maneiras baixas e rasteiras possível; primeiro era a alegação de "comunistas". Depois, o meme ridículo do "MAV-PT", como se militância fosse algo vergonhoso, que outros partidos não tivessem militantes online, e pior: que qualquer um que não é da direita é obviamente um militante pago pelo PT para implantar a ditadura comunista no Brasil. Agora, como demonstrado pelo capitão Venera, e o senhor Tsö Raz, é inventar ameaças. 

Essa é a tão ética e correta extrema-direita (e que não raro se diz centro): Enquanto se pagam de os justos, corretos e éticos, apelam para mentiras, distorções, fraudes e espantalhos como argumento. Forjam declarações, fazem teatrinhos ridículos e assassinam reputações, sem qualquer preocupação com a ética. Ou com a lei; Senhor Raz, ou quem quer que realmente seja, o que fez é um crime:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa."''
  • "Art. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro;II - contra funcionário público, em razão de suas funções;III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria;IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.Parágrafo único. Se crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro."''


E para constar - a última mensagem que enviei para alguém
fora da minha lista de amigos foi em dezembro. Como parte de
uma denúncia de conteúdo abusivo. 
A sua tentativa de intimidação contra a minha pessoa não vai funcionar. Quem me conhece sabe que é uma fraude o que diz. Diz que te ameacei? Pois bem, deixo aqui uma ameaça, não de violência, mas de justiça: eu vou descobrir quem você realmente é, e onde mora. E quando eu o fizer, irá responder na justiça pelo que diz. Que fique claro, Raz: você não vai me calar. Se qualquer coisa, só me deu fôlego extra. Estou pronto para que o indivíduo alegue que eu o agredi em uma manifestação, ignorando completamente o "pequeno" detalhe que eu estou do outro lado do oceano, só para começar. 


Repito a "ameaça", Raz - ou seja lá quem você for, embora eu tenha minhas suspeitas - a justiça o aguarda. Ter me bloqueado não vai mudar isso. Apagar suas alegações, menos ainda - o dano a minha reputação já foi causado. O crime está feito. As linhas estão escritas. Agora, é questão de descobrir quem você é, apenas isso.