terça-feira, 29 de outubro de 2013

Do furacão que perdi.

A maior tempestade em 14 anos.
fonte: Conpenhagen Post
Nesta segunda feira, um fenômeno pouco usual passou pela Dinamarca, e parcialmente atingiu Aarhus. Pela primeira vez em minha vida, eu, acostumado com as nossas tempestades de vento e chuvaradas causadas por frentes frias, estive dentro da área de efeito - certo que na borda - de uma tempestade com força de furacão. No horizonte, vinham os ventos, com velocidade de até 194 km/h, como não vistoss no país desde 1999.

Depois de ter passado seis dos 12 meses de 2011 cobrindo tormenta após tormenta no Vale do Itapocu, eu estava animado: eis a minha chance de fazer aquele trabalho excitante outra vez! Sem meios para ir "a campo", eu esperei a tempestade passar para cobrir os danos, excitado, mesmo com sabendo da inevitável tragédia que antecederia minha chance de cobrir.

Mas nas redondezas do meu dormitório
, a extensão dos danos foi essa:
Alguns galhos caídos, e uma arvore
 parcialmente desenraizada
Esperei, e perdi: enquanto no centro de Aarhus os danos foram extensos e pesados, nas redondezas do pequeno dormitório em Ellemarksvej 64, na lateral da Marsellis Boullevard, os danos podiam ser resumidos e noticiados em uma única e desinteressante frase: "vendaval arranca dois galhos" - essa era quase toda a extensão do dano ao redor da Marsellis Boulevard. Dois gallhos, algumas placas de campanha, e um monte de folhas. À menos de 200 metros, uma árvore fora quase arrancada do chão - mas era só isso, nada mais.

Pouco mais longe, no centro, a caixa de luz de um semáforo foi arrancada de quebrada pelo vento. No centro o dano era mais extenso, e não foram poucos os galhos arrancados vistos, placas viradas, latas de lixo caídas, postes danificados - mas ainda assim, talvez graças a eficiência européia, talvez pelo meu azar, tudo já estava "limpo" - não peguei o mais grave durante a noite, e durante o dia nada mais havia para ser reportado. Ou sequer fotografado, já que o trabalho de limpeza estava feito muito antes de eu chegar em qualquer lugar.
fora arrancado pelo vento.
Pouco mais ao centro, semáforo 


Fora da cidade, estradas foram bloqueadas; linhas de trem desativadas; cabos de força foram cortados e árvores derrubadas; vidraças destruídas pelos mais variados objetos; carros virados e barrancos deslizaram. 71 Pessoas foram feridas e uma morreu atingidas por telhas, árvores e os mais variados objetos. Mais de cinquenta linhas de trem foram desativadas. Uma verdadeira tragédia - mas também material cheio para um jornalista. Pena que em um golpe de sorte - ou azar, tenho minhas dúvidas - escapei de qualquer risco. E também de qualquer história.

Longe do centro e em outras cidades, como Compenhagem
no entanto, danos foram extensos e pesados. fonte: Conpenhagen Post
E esse foi o furacão que eu perdi. Por um acidente do acaso, falta de ousadia, ou estar no lugar errado na hora errada, nada peguei além do som do vento e dois galhos caídos. Nada pode se comparar ao grau de frustração desse resultado; a total ausência de qualquer realização ou matéria como resultado de uma experiência inédita e incomparável.

Essa foi a maior tempestade que passou pela Dinamarca desde 1999; uma anomalia climática sem igual na história recente, e que deixou mais de 1 bilhão de coroas dinamarquesas em danos (cerca de 400 milhões de reais) segundo as primeiras estimativas (para fins de comparação, a de 1999 causou 13 bilhões de coroas em danos - 1% do PIB) - e eu a perdi. Então eis a minha história: como eu perdi a maior tempestade a atingir a Dinamarca em 14 anos, pelo capricho de estar em uma região que mal fora afetada. O máximo que ouvi foi o uivar dos ventos - o máximo que peguei após a tempestade, o pouco que não foi retirado. Deveria ter saído no vento e na chuva, desbravado o vendaval? Provável. Teria uma história melhor se como alguns colegas, estivesse na estrada, ou na estação de trem? Certamente.
fonte: Conpenhagen Post


Mas como não estava... perdi. E com isso.. fiquei com uma história de fracasso. C'est la vie.

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