Sei que vai ter quem diga que é uma "expressão de fé"; que é um dogma da fé cristã, e que é liberdade religiosa, etc; Mas eu pergunto, fariam a mesma forma de defesa se fosse de um grupo islâmico, ou gritariam "terrorismo"? Fosse um grupo de umbanda dizendo similar, haveria defesa, ou haveria uma horda religiosa clamando que era "macumba" corrompendo as crianças (de maneira similar a que fazem com, bem, mídia em geral)? Ou se fosse uma música assim por parte de um movimento político - digamos, "Capitalista vai pagar, Capitalista vai morrer" - haveria como defender isso? Se fosse sobre um grupo étnico? "Judeu vai pagar, judeu vai morrer?", ou se fosse invertida, "Cristão vai pagar, Cristão vai morrer?" - é mais fácil perceber o ódio assim, não?
Não me é relevante no que as pessoas acreditam - não deveria ser relevante para ninguém as crenças de outrem; o que é relevante é como essas crenças são expressas. E neste caso, temos alguns problemas claros. Primeiro, o misto de estigmatização do outro e exaltação do "grupo": "eles", pecadores, condenados e "Nós", filhos de deus. O segundo é o discurso de violência simbólica daí derivado: "eles" tem que pagar e merecem morrer; sua vida não é de digna, não são merecedores do amor. Doutrinado em uma lógica destas, não é de se admirar que alguns (e não poucos) achem justo politicas para restringir o direito do "pecador", quando não o uso da violência contra o mesmo.
Essa manipulação emocional é incrivelmente comum; foi usada contra negros, contra imigrantes e contra minorias em geral ao longo da história. E novamente - o argumento de fé, de que é "simbólico" não se aplica; a sua compreensão pela fé não precisa e nem deve ser seguida por quem não compactua com ela, ainda mais depois de lideranças religiosas emitindo discursos contra os "pecadores" como culpar gays pelo atentado em Boston; Dizer que veriam o sepultamento do último pai de santo; sugerir, quanto a Síria, que se matassem todos eles e deixassem "Deus separar"; quando se vê uma professora humilhar publicamente um estudante por ser budista; quando se tem um quadro destes, a defesa padrão de "odiamos o pecado, não o pecador".
Essa manipulação emocional é incrivelmente comum; foi usada contra negros, contra imigrantes e contra minorias em geral ao longo da história. E novamente - o argumento de fé, de que é "simbólico" não se aplica; a sua compreensão pela fé não precisa e nem deve ser seguida por quem não compactua com ela, ainda mais depois de lideranças religiosas emitindo discursos contra os "pecadores" como culpar gays pelo atentado em Boston; Dizer que veriam o sepultamento do último pai de santo; sugerir, quanto a Síria, que se matassem todos eles e deixassem "Deus separar"; quando se vê uma professora humilhar publicamente um estudante por ser budista; quando se tem um quadro destes, a defesa padrão de "odiamos o pecado, não o pecador".
Enquanto isso, a culpa, sempre, é da vítima. |
Apologia ao estupro: também em propagandas, esta do ano passado. |
O que realmente me surpreende, no entanto, é que enquanto "piadas" e músicas claramente ofensivas são tratadas como incriticáveis - nota: não estou pedindo censura aqui, mas realmente acho que são no melhor cenário, irresponsáveis e mal pensadas; no pior, discursos deliberados de ódio - a representação de personagens LGBT é vilipendiada como "propaganda Gay" (e enfrenta tentativas de censura); a cobertura de protestos, rolezinhos e revoltas é condenada "pra não dar ideia"; auto proclamados defensores da "livre expressão" querem proibir "doutrinação comunista", usando de intimidação para isto; em redes sociais, abunda a ideia de "prender quem ouve Funk", e piadas inocentes com Jesus como protagonista (e que nada dizem a respeito dele, ou da fé cristã) são alvo de um processo buscando censura (numa versão por ora menos violenta do escândalo das caricaturas de Maomé). É isso que me surpreende: a imensa tolerância que se tem com o absurdo - mas a tolerância nula com "o que eu discordo".
Fonte: www.pirikart.com.br |
[1] Um comentário: muitas das pessoas que vi "defenderem" como só uma música (ao mesmo tempo usando insultos raciais para descrever o tipo de gente que a ouve) se opunham a presença de personagens LGBTs por fazer "apologia a homossexualidade".
Realmente ASSUSTADOR esse vídeo "quem pecar..."
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